terça-feira, 22 de julho de 2008

PECADO MORTAL


Pecadora sou, confessando um proibido amor.
Que há de acalentar todos os meus dias e noites.
A despertar todos os meus desejos em vias de furor
incontido das entranhas, a ansiar pelos teus açoites.

Tu chegastes garboso, montado no teu corcel de sonhos.
És fauno libidinoso, mas trazes no peito um coração que anseia
entregar-se totalmente ao prazer, entre os dourados pomos
que trago empinados, ouvidos atentos ao meu canto de sereia.

E assim me faço sedutora demais aos teus encantos.
Enfeitiço teus pensamentos que só conseguem sossego,
quando pousam os olhos em meu corpo, em seus cantos
que revelam uma doce proposta de fantasia e de chamego.

Na atração das polaridades opostas, teus olhos se extasiam
com o bronzeado de cada pedaçinho de pele que acaricias,
enquanto sentes brotar em ti mesmo desejos que te aliciam
e te roubam as horas do dia, a viajares no território que tu assedias.

Mas tu mesmo te sentes fortemente atraído e há momentos
em que pensas estar apenas sonhando, tamanho o torpor
que percorre o teu corpo que estremece em pensamentos
desejosos de estar tocando a minha pele, fazendo amor.

Mas nem sabemos se um dia seremos bafejados pelos ventos,
que trazem as fadas vestidas em transparentes trajes de gala,
a adornarem com suas flores, os corpos em sensuais lamentos,
perfeitos côncavo-convexos unidos num tesão que arregala.

Se cometo este pecado mortal, pagarei com a penitência
de vagar dias e noites por entre os campos de trigo,
recolhendo todos os pirilampos, juntando na essência,
a luz que alumiará o momento em que ficarás comigo!


Guida Linhares
Santos/SP/Brasil
22/04/08