terça-feira, 26 de maio de 2009

UM POETA AMIGO


Para você, com minha saudade
Paulo Mello


É, hoje amanheci com aquela saudade.
Saudade de namorar.
Namorar aquela pessoa, que deixou marcas
no meu coração.
Romance sofrido, de mancebo imaturo.
Passam os anos, por vezes ou outra nos
pegamos escarafunchando o baú das
lembranças.
Tempos que o vento leva de roldão, aos
açoites da modernidade.
Modernidade...
Prefiro meu antigo álbum de fotografia,
onde lá esta seu retrato.
Já amarelado pelo tempo, companheiro das
noites de insônia.
É, hoje amanheci com saudade,
saudade de você!

20.08.08
Paulo Mello

domingo, 24 de maio de 2009

ESCREVER

É a mania de actualizar a vida, os passos, o sol, o gosto pelas palavras, os
minutos que penso em ti.
Esta mania de falar de ti, nem sei se existes, se és sonho ou uma quimera.
Mas, porque existo e amo, existe algo, e um dia vou aprender a viver tão só, sem ti.
Eu sei que és bocados duma história, minutos do meu dia.
Eu sei que estás aqui entre as paredes que olho, na aguarela que pintei sem que alguem tivesse olhado entre o pincel e a tua presença.
Vou escolher outro caminho, outro sol, mas à noite sinto o teu colinho e adormeço tão
enroscada, que, nem sei se existo.
No canto esquerdo do meu corpo, estão as emoções, o cheiro de ti, o jardim das minhas lágrimas, o silêncio do meu céu.
No alvorecer duma noite, espero, espero-te sempre, em cada momento, e sei que tu és o meu melhor caminho.
Que loucura é esta que me faz de louca e poeta, de mulher e amante? Encontro pedaços de ti em cada esquina da minha vida,
percorro a minha alma e encontro nobremente a delicia e os nectares que sorvo de ti em goles e taças de quimeras e
nos teus gestos há sempre um amanhã.
Talvez me permita em devaneios de silencio para te sentir mais perto, não te quero roubar nada, nem um minuto,
mas sinto que te quero todo para mim.
Podes não voltar mais, mas nunca hei-de deixar o vento apagar as lembranças
de ontem, nem o fogo da tua existência que sobrevive dentro da volupia do meu ardor.
Sempre tu, sempre eu, quero escrever sobre borboletas e lilases, mas estes destinos entrelaçados pela saudade
só me deixam falar de ti.
Não quero mais, sinto que dei um basta neste desvario que me consome, basta mais uma vez,
vou lembrar de gaivotas e papoilas, vou escrever sobre tudo e nada,
vou amar o vento e as rosas porque as pétalas têm o te cheiro, não quero mais falar de ti e dos beijos que me queimam em cada minuto,
sufocas-me em abraços, não, não posso falar de ti.
Tenho que aceitar a minha decisão, mas ontem senti o teu cheiro dentro da minha boca que me pede tanto os teus beijos, não,
não posso falar de ti.
Quero tanto falar de bosques encantados, de riachos e água cristalina, quero tanto falar de ti.
Em cada minuto eu espero que a rosa branca abra para te ver inteiro nas pétalas que vão abrindo como o teu abraço.
Na fresta da porta, abracei-te tanto meu amor, mas eu não posso falar de ti.
As crianças são o ponto mais alto da nossa visão, as suas palavra são dóceis, o olhar duma ternura encantadora,
falam tão débilmente que o mundo é sempre tom rosa suave, tão suave como os seus sonhos de algodão, tu, meu amor, fazias-me sonhar assim,
envolta em algodão doce, lembras quando sonhámos em paralelo, eram iguais os nossos sonhos, sempre iguais, mas eu não posso falar de ti.
Numa partilha de sonho eu queria voltar a sonhar sempre, contigo meu amor...
O mar estava sempre calmo e a areia escorria entre os meus dedos, contei os teus beijos em cada grão de areia,
lembrei-me tanto de ti, as cócegas que as ondas me faziam na minha pele lembrava-me os teus carinhos,
uma ternura deixada ao acaso, o acaso és tu ali tão visivel, tão meu, esta liberdade de viver contigo faz-me sentir aquela onda solta na areia.
Não queria falar de ti. Mas, lembro-me tanto de ti...
Escrevo palavras, escrevo esta história cheia de pormenores e virgulas, cheias da minha vida e da tua,
falando de sentimentos, é uma verdade, é um sonho feito loucura que percorro nobremente em caminhos perdidos.
Quero sentir uma brisa bailar no meu rosto, quero sentir do beijo o seu gosto, quero encontrar-me dentro de mim,
nos meus desejos ganhar sabor, na poesia existir como uma embriaguez solta e ganhar a vida dentro de mim.
Pedi à solidão um tempo, porque estava a escrever para ti, esta carta.
Mas eu não queria falar de ti...
Amália LOPES
Maio 2009/20 de